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a minha casa em obras

não sou de expor a minha vida, mas decidi partilhar esta experiência. o último inverno deixou marcas físicas na minha casa. começou a chover dentro do último andar - dentro do sótão - e o tecto começou a sofrer com isso - começaram a surgir rachas na tinta. não sei se foi por ter sido um inverno mais violento ou se o tempo (a minha casa já tem 20 anos) será o verdadeiro culpado.


seja como for, a situação obrigou ao uso de baldes e alguidares para conter a água que se entranhava pelo tecto. após uma inspecção, num dia de sol, foi retirada imensa palha de entre as telhas. aparentemente, nunca se havia limpo o telhado. contudo, nos dias de chuva que se seguiram, o problema continuava por resolver e a água a acumular nos recipientes.


decidiu-se remendar o telhado, apelando a ajuda profissional. fez-se uma limpeza a fundo e trocaram-se as telhas estragadas por novas. aproveitou-se a maré de mudança e os andaimes já montados para dar um novo brilho à casa. com o telhado arranjado, as paredes brancas - nunca antes pintadas - sofreram uma mudança de visual.


não por escolha minha, certamente, a cor escolhida foi o amarelo e, para contrastar nos detalhes, o castanho. no final, até nem ficou feia. ainda se remodelaram os canteiros da entrada. a título de curiosidade, procurei a minha casa através do google street view e, uma vez que a minha casa foi fotografada em 2009, posso comparar o antes e o depois.


durante o tempo em que a casa esteve em obras, tive um momento de aborrecimento e saí para fotografar o processo de remodelação. estas são as fotografias resultantes e esqueci-me de capturar uma imagem do todo - razão porque tive de recorrer ao google street view.


não há muito mais a dizer sobre este assunto. capturei a bicicleta de um dos trabalhadores, uma garrafa de cerveja pousada no parapeito da janela do meu quarto, um carrinho de mão abandonado em pleno trabalho, os andaimes em torno da casa e uma camisola esquecida sobre a pernada da pereira.


não me custou ajustar a esta mudança, uma vez que passo muito pouco tempo no exterior da minha casa. teria preferido dar um jeito ao seu interior, onde estou grande parte do tempo e o aspecto do espaço verdadeiramente contribui para o meu bem-estar. no entanto, essa é uma decisão que não me coube a mim e, quem sabe, dará lugar a um novo artigo.

quinta-feira, 30 de maio de 2013 Leave a comment

o paradoxo da comida moderna

hoje, venho falar de algo diferente. lidamos com este dilema diariamente e nem nos apercebemos das suas verdadeiras implicações. a evolução que sofremos afastou-nos muito do nosso passado animal e somos hoje um ser sofisticado, capaz de se preocupar mais com futilidades do que com sobrevivência. não é uma crítica, mas antes uma exclamação!


quando observamos qualquer outro ser vivo que partilha este mundo connosco, reparamos em 2 comportamentos essenciais e que nos são altamente familiares: sobrevivência do indivíduo singular e sobrevivência do indivíduo colectivo. primeiro, há que garantir a integridade do próprio e, depois, salvaguardar o legado da espécie.


o que quero dizer com isto tudo é, na sua essência, bastante simples. primeiro, preocupamo-nos com o nosso bem estar e, com isso garantido, queremos assegurar a continuidade da nossa espécie através da reprodução. é claro que é sempre preferível que as gerações vindouras sejam fruto do melhor que a geração presente tem para oferecer. uma vez que cada indivíduo é altamente egocêntrico, ele e só ele é o expoente máximo da sociedade em que se insere.


de volta ao caso do homo sapiens. na sociedade ocidental, considerada moderna e tecnologicamente sofisticada, parece ter ocorrido uma inversão de prioridades. cada vez mais interessa a reprodução acima da sobrevivência singular. penso que somos mesmo obcecados com a procura constante e incessante de um companheiro sexual, sacrificando muitas vezes o próprio bem estar físico e psicológico.


a contrariar essa tendência destructiva, que só leva à disseminação do pior que a nossa geração tem para oferecer, surgem as comidas altamente calóricas. são rápidas, económicas, com disponibilidade imediata, estranhamente apetitosas e altamente viciantes. parecem ser a resposta perfeita ao indivíduo moderno que não tem tempo a perder antes do próximo encontro!


ao bom jeito do karma ou, como eu prefiro, da terceira lei de Newton: qualquer acção implica uma reacção igual e oposta. as leis da física são universais, portanto, faz todo o sentido que se apliquem a tudo no universo, inclusive ao comportamento humano. assim, a bom jeito de resposta às comidas altamente calóricas, surgem as comidas altamente dietéticas. isto é, a existência de um produto alimentar com uma elevada densidade de energia provoca o surgimento de um outro produto alimentar com uma baixa densidade de energia.


basta pensar que, actualmente, praticamente todas as marcas disponibilizam uma versão light da sua linha comercial principal. geralmente, e isto é um dos conceitos chave deste pequeno artigo, essa versão light oferece menos do que a versão original por um preço superior. é um pouco paradoxal, não é? acho que já é possível perceber onde quero chegar com isto tudo, mas permitam-me continuar. a verdade é que light significa mais leve e, com toda a razão, uma menor densidade energética. é claro que essa redução implica um custo adicional ao fabrico, uma vez que requer um refinamento avançado, e esse custo reflectir-se-á no consumidor final.


isto estaria tudo bem e equilibrado, em teoria, pois há bastante oferta de ambas as versões e cada um escolhe a mais conveniente para si. temos de jogar entre mais calorias por um preço inferior ou, se a nossa carteira o permitir, menos calorias por um preço superior. comer menos? fora de questão! as pessoas gostam de comer, claro. a evolução presenteou-nos com papilas gustativas por duas razões: primeiro, porque os alimentos venenosos sabem mal e segundo, porque uma actividade que nos dê prazer será certamente repetida. comer é definitivamente essencial à sobrevivência do ser.


mas porquê esta obsessão com as calorias? em regra geral, todas as espécies sofrem de escassez de comida. apenas o ser humano, com o seu intelecto, é capaz de produzir, a nível mundial, alimento suficiente para alimentar toda a espécie. a distribuição de toda esta produção é não uniforme e origina metade da população sobrenutrida e a outra metade mal nutrida, mas isso poderá ficar para um outro artigo. assim, a evolução dotou os seres com a capacidade de armazenarem energia consumida uma vez em excesso para uma necessidade futura na escassez de comida. isto é feito sob a forma de reservas de gordura no corpo do indivíduo.


a sociedade ocidental é aquela que recebe a maior fatia da produção alimentar mundial. com o objectivo do maior lucro possível, dado que é nestas regiões que se encontra a maior distribuição da riqueza, as marcas bombardeiam-nos com ideias sobre a necessidade de consumir os seus produtos constantemente. fazem-nos acreditar que são coisas saídas de sonhos e esquecemos todas e quaisquer consequências da alimentação excessiva. isto acontece até ao momento em que a necessidade de reprodução prevalece e instaura-se um sentimento de culpa. queremos continuar a alimentar o vício, sem os efeitos colaterais e é nessa altura que procuramos as versões light.


agora, vamos à parte interessante. um pouco de matemática ajuda a perceber a ideia central que me levou à escrita deste artigo. de acordo com a coca-cola(1), uma lata de 355 ml de coca-cola clássica possui 140 kcal e a mesma lata de coca-cola zero possui 0 kcal. isto representa uma densidade energética de 0.40 kcal/ml para a coca-cola clássica e de 0.00 kcal/ml para a coca-cola zero. sabendo(2) que uma lata de 33cl de coca-cola clássica custa 0.62 € e a mesma lata de coca-cola zero custa 0.59 €, dá a impressão de que é um bom negócio comprar o produto light. no entanto, o produto clássico oferece-nos energia e o produto light oferece o mesmo que a água, sem os benefícios extra desta e por um preço bem superior. com estes dados, temos 0.005 €/kcal para o primeiro caso e ∞ (infinito) €/kcal para o segundo caso.


em contexto da crise económica que atravessamos no nosso país e por toda a europa, o melhor será procurar os produtos que tenham a maior densidade de energia por um preço mais baixo. temos é de nos habituar a ingerir as mesmas calorias, o que implica uma dose reduzida desses alimentos altamente calóricos. a longo prazo, teremos um impacto positivo e significativo na carteira. por exemplo(3), o leite mimosa uht gordo apresenta 0.644 kcal/ml e o mesmo leite nas versões meio gordo e magro apresenta 0.468 kcal/ml e 0.348 kcal/ml, respectivamente. sabendo(2) que uma embalagem de 1 litro de leite gordo, meio gordo e magro custa, respectivamente, 0.73 €, 0.59€ e 0.65€, temos 0.0011 €/kcal para o leite gordo, 0.0013 €/kcal para o leite meio gordo e 0.0019 €/kcal para o leite magro.


a dose diária recomendada para um indivíduo adulto saudável é de 2000 kcal/dia. com os valores anteriores, se quiséssemos ingerir toda esse quantidade em leite mimosa uht, teríamos de gastar 2.27 €/dia em leite gordo, 2.52 €/dia em leite meio gordo ou 3.74 €/dia em leite magro. ao fim de um mês(4), estes valores traduzem-se em 68.0 €/mês, 75.6 €/mês e 112.1 €/mês, respectivamente. o melhor é mesmo comprar os artigos mais gordos que existem e ingerir uma quantidade inferior ao que estamos habituados, de modo a manter constante a quantidade de calorias a que estamos acostumados.


como bónus, para quem leu o artigo até ao fim, vou apresentar um conceito mítico: calorias negativas. o conceito é bastante simples, significa que o corpo gasta mais energia a processar a comida do que aquela que recebe da mesma. a verdade é que não há um único alimento que se insira nesta categoria. até a coca-cola zero tem um rendimento positivo. a única excepção é a água fria, isto porque a água contém 0 cal e o corpo tem de dispender energia para elevar a sua temperatura. por exemplo, beber um copo de água (240 gr.) a 4 ºC implica que o corpo tem de elevar esta temperatura até aos 37.5 ºC, a temperatura média do corpo humano, e o processo requer 8.04 kcal. contudo, seriam necessários 435 dos copos de água referidos anteriormente para perder cerca de 0.5 kg. não fiquem com ideias malucas e tenham cuidado com a intoxicação por água.


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(1) valores retirados no dia da publicação de Coca-Cola - Nutrition Connection.
(2) valores retirados no dia da publicação de Continente Online.
(3) valores retirados no dia da publicação de Mimosa.
(4) considerou-se um mês como um período consecutivo de 30 dias.

quarta-feira, 1 de maio de 2013 Leave a comment

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